Cresci com a minha mãe falando mal dos alemães, ela morava em uma cidade na Itália, fronteira com a Áustria, onde os alemães se instalaram para proteger sua conquista. Ouvi e senti o medo que havia nela. Uma das histórias é que um dia, antes de uma festa da cidade de Belluno, para a qual todos estavam animados, uma noite antes, pegaram os presos políticos e enforcaram um em cada poste, e quando as pessoas chegaram para a festa no dia seguinte encontraram seus familiares rebeldes enforcados um em cada poste da praça principal.
Sou contemporânea da queda do muro de Berlim, mas nunca parei para entender a história dos alemães, afinal trouxe a crença de que eles eram do mal. Ironicamente minha filha se mudou para a Alemanha e então eu fui visitá-la e dei de encontro com o outro lado da história.
Quando perdeu a guerra, a Alemanha foi dividida em 4 partes, ficou para a União Soviética, os EUA, a Inglaterra e a França, por isso o muro de Berlim. A parte da União Soviética foi separada do resto da Alemanha por um muro, por ser comunista, e tornou uma parte da Alemanha socialista (um passo antes do comunismo). Fui visitar o museu do comunismo e o que mais me impressionou foi que na escola os pequenos faziam cocô em um banheiro coletivo e todos tinham que fazer na mesma hora e enquanto todos não fizessem não poderiam levantar do vaso, pois começava aí, pelo controle dos esfíncteres, o condicionamento da alma para obedecer a ordens.
Fui também a uma igreja que mudava todos os domingos de lugar pois no socialismo não se pode ter religião, e eles faziam as reuniões escondidas. Então sentei nessa igreja e pedi permissão para minha mãe para me conciliar com esse povo que também viveu as suas dores, seus desafios… Reverencio e agradeço a Bert Hellinger, que desenvolveu as constelações familiares e que certamente viveu muita dor, pois só quem sente pode entender a dor do outro, e ao meu professor de constelação Bernard Isent, alemães incríveis com os quais aprendi e aprendo muito. Escrito por Paola Mingardo
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